Analisando o Bulldog Francês
Este projeto foi criado com o objetivo de oferecer uma leitura técnica, acessível e ilustrada do Padrão Oficial do Bulldog Francês segundo a FCI/CBKC, servindo como referência para criadores, handlers, árbitros e entusiastas comprometidos com a preservação da morfologia e da funcionalidade da raça.
Através da análise ponto a ponto, acompanhada de comentários interpretativos e imagens comparativas, buscamos esclarecer a aplicação prática do padrão, destacar os principais aspectos estruturais e morfológicos, e fortalecer o compromisso com a criação responsável, o julgamento ético e o desenvolvimento técnico da raça no Brasil.
Mais do que decorar descrições, é essencial compreender os porquês de cada proporção, cada forma e cada movimento que compõem a essência do Bulldog Francês — um cão robusto, inteligente, compacto e afetuoso, que deve expressar equilíbrio e tipicidade em cada aspecto.
Espero que esta série seja útil e inspiradora para todos que, como eu, têm no Bulldog Francês mais do que um cão — têm uma paixão, uma missão e uma responsabilidade com seu futuro.
Richard Probst
Coordenador Geral – Conselho Brasileiro da Raça Bulldog Francês (CBRBF)
“Proporções Importantes”
📌 Texto oficial do padrão FCI:
“O comprimento do corpo – entre a ponta do ombro à ponta da nádega – é ligeiramente superior à da altura na cernelha. Focinho curto.”
🔍 1. “O comprimento do corpo […] é ligeiramente superior à altura na cernelha”
✅ O que significa:
O corpo do Bulldog Francês não deve ser quadrado, nem excessivamente longo.
A silhueta ideal é retangular, com o comprimento apenas ligeiramente maior que a altura.
Essa proporção garante:
Compacidade sem encurtamento excessivo.
Mobilidade funcional e equilíbrio estrutural.
A típica silhueta da raça — forte, sólida e harmônica.
⚠️ Sinais de falha:
Quadrado demais: o cão parece “truncado”, prejudica a movimentação e a expressão de tipo.
Comprido demais: pode indicar fraqueza de dorso ou descaracterização da raça.
Ambos comprometem o tipo racial e a função como cão de companhia robusto.
🖼 Na imagem:
A ilustração à esquerda representa a proporção correta: ligeiramente retangular.
A ilustração à direita é um exemplo incorreto, com proporções desequilibradas e fora do padrão.
🔍 2. “Focinho curto”
✅ O que significa:
O focinho deve ser visivelmente curto em relação ao crânio (cerca de 1/6 do comprimento total da cabeça, segundo a FCI).
Deve apresentar:
Boa largura;
Inclinação discreta para trás;
Distância funcional dos olhos;
Capacidade respiratória preservada.
⚠️ Sinais de falha:
Focinho muito curto: prejudica a respiração, pode gerar obstrução e problemas de bem-estar.
Focinho muito longo: descaracteriza o tipo molossóide e foge do padrão FCI.
✅ Importância para a análise morfológica:
Avaliar um Bulldog Francês exige foco em harmonia, tipicidade e funcionalidade.
A leve retangularidade do corpo, junto ao focinho proporcionalmente curto, são fundamentais na análise morfológica da raça.
Criadores devem observar rigorosamente essas proporções na seleção reprodutiva, priorizando conformidade com o padrão, saúde e estrutura funcional.
“Frente (braços, cotovelos, antebraços)”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“Os membros anteriores são retos e verticais, bem posicionados.”
“Os membros anteriores são fortes, retos, musculosos e bem afastados.”
“Braços curtos, bem musculados.”
“Cotovelos bem juntos ao corpo.”
“Antebraços curtos, retos e musculosos.”
🔍 1. Braços
✅ O que significa:
Devem ser curtos, espessos e levemente curvados, acompanhando a expansão do antepeito.
Essa leve curvatura é uma característica desejável — ela contribui para que o cão acomode o peito largo entre os membros.
O braço tem papel importante na construção da frente, influenciando diretamente o posicionamento dos cotovelos e a largura da base de apoio.
⚠️ Sinais de falha:
Braços muito retos ou longos → frente fica estreita, comprometendo o tipo da raça.
Curvatura exagerada → pode causar desequilíbrio e aparência frouxa.
🔍 2. Cotovelos
✅ O que significa:
Os cotovelos devem estar alinhados e bem ajustados ao corpo, acompanhando a linha do tórax.
A sua posição correta permite uma frente firme, estável e com movimentação eficiente.
A correta colocação dos cotovelos evita a rotação indesejada dos membros.
⚠️ Sinais de falha:
Cotovelos afastados ou abertos (“eversão”) → comum em frentes abuldogadas.
Cotovelos demasiado colados e rígidos → interferem na movimentação natural.
🔍 3. Antebraços
✅ O que significa:
Devem ser curtos, retos e fortes, com boa ossatura.
A verticalidade do antebraço é o que dá o verdadeiro “alinhamento frontal” aos membros anteriores.
São responsáveis por transmitir o peso do corpo ao solo com estabilidade.
⚠️ Sinais de falha:
Antebraços rotacionados, encavalados ou em rotação externa.
Antebraços muito longos ou finos → prejudicam a base, descaracterizando o tipo.
🖼 Na imagem:
Frente correta:
Braços bem posicionados, cotovelos alinhados, antebraços verticais, base firme.
Frente abuldogada:
Cotovelos abertos, antebraços tortos, pés desalinhados, comprometendo a sustentação.
✅ Importância para a análise morfológica:
Braço, cotovelo e antebraço compõem a estrutura essencial da frente do Bulldog Francês.
Esse conjunto deve expressar força, estabilidade e tipicidade.
Alterações em qualquer um desses pontos afetam a harmonia, a movimentação e o tipo racial, sendo, portanto, fundamentais para uma análise morfológica rigorosa e técnica.
“Aprumos anteriores, carpos, metacarpos e pés”
📌 Texto oficial do padrão FCI:
“Os membros anteriores são retos e verticais, bem posicionados.”
“Os pés anteriores são redondos, de pequeno porte, bem compactos, com dedos bem juntos e unhas curtas e grossas. Apoio firme sobre as almofadas.”
🔍 1. “Retos e verticais” – Aprumos corretos
✅ O que significa:
Os membros anteriores devem descer em linha reta desde a escápula até os pés, com o peso distribuído de forma equilibrada.
O alinhamento correto permite que a energia da movimentação se dissipe com eficiência, sem sobrecarga articular.
A base de apoio deve ser simétrica, sólida e funcional, respeitando o espaço natural entre os membros (especialmente no macho).
⚠️ Sinais de falha:
Coluna óssea curva ou torcida.
Postura “para dentro” (encavalado) ou “para fora” (pato).
Ausência de firmeza na estrutura ao toque.
🔍 2. Carpo (punho canino)
✅ O que significa:
O carpo deve ser forte, curto e bem alinhado.
Ele é responsável por absorver parte do impacto ao caminhar.
Não deve ser proeminente, mas sim compacto e funcional.
⚠️ Sinais de falha:
Carpo mole (flexível demais, colapsando).
Carpo protuberante ou arqueado para trás (“punho aberto”).
Falta de firmeza ao toque.
🔍 3. Metacarpo (região abaixo do carpo)
✅ O que significa:
O metacarpo deve ser ligeiramente inclinado, nunca completamente vertical ou mole.
Essa leve inclinação contribui para a absorção de impacto, sem prejudicar o suporte.
Deve mostrar resistência, sem oscilar sob pressão manual.
⚠️ Sinais de falha:
Metacarpos retos como colunas (sem inclinação) → prejudicam a flexibilidade.
Metacarpos frouxos → indicam fraqueza estrutural, comprometem estabilidade.
🔍 4. Pés dianteiros
✅ O que significa:
Devem ser pequenos, redondos e bem compactos.
Dedos devem estar juntos e ligeiramente arqueados.
Apoio sobre as almofadas plantares, com unhas curtas e grossas.
Em machos, a frente pode ser mais aberta, com leve rotação externa das patas, sem prejuízo da base.
⚠️ Sinais de falha:
Pés espalmados, abertos ou achatados.
Dedos separados ou frouxos.
Cães que se apoiam nos lados das patas (“pé mole”).
Pés girados de forma extrema (“em pato” ou “encavalado”).
🖼 Na imagem:
Acima da linha “CORRETO”:
Ilustrações de membros anteriores com alinhamento ósseo ideal, metacarpos sólidos e pés bem formados.
Abaixo da linha “INCORRETO”:
Variações de aprumos incorretos:
Eixos rotacionados.
Metacarpos tortos.
Pés espalmados ou com apoio incorreto.
Ossatura desalinhada.
✅ Importância para a análise morfológica:
A avaliação dos aprumos não deve ser feita apenas visualmente — é necessário observar em estação e em movimento, e sempre que possível verificar manualmente a firmeza articular.
Carpo, metacarpo e patas são elementos interdependentes que influenciam diretamente a mobilidade, a resistência ao esforço e a durabilidade funcional do cão.
Alterações nesses pontos não são meramente estéticas: indicam riscos para a saúde, má distribuição de peso e comprometimento da funcionalidade articular.
“Membros posteriores (traseira)”
📌 Trechos oficiais do padrão FCI:
“Os membros posteriores são fortes e musculosos, um pouco mais longos que os anteriores, permitindo que a garupa seja ligeiramente mais alta que a cernelha.”
“Coxas musculosas e firmes.”
“Joelhos bem angulados.”
“Jarretes relativamente curtos, bem descidos e firmes; quando vistos por trás, devem ser paralelos.”
“Pés posteriores redondos, firmes, levemente mais longos que os anteriores.”
🔍 1. Comprimento e estrutura geral
✅ O que significa:
Os posteriores devem ser um pouco mais longos que os anteriores, criando a típica linha superior em carpa (roach back).
Essa diferença permite a elevação gradual da garupa, sem parecer desproporcional.
Os membros devem ser retos e paralelos quando vistos por trás, com musculatura visível e tonificada.
⚠️ Sinais de falha:
Posteriores excessivamente longos → comprometem a tipicidade.
Traseira frouxa, musculatura fraca, joelhos retos → prejudicam equilíbrio e movimento.
🔍 2. Coxas
✅ O que significa:
Devem ser musculosas, firmes e bem preenchidas.
A massa muscular bem desenvolvida garante potência e estabilidade.
A largura deve ser proporcional ao tronco, sem exageros.
⚠️ Sinais de falha:
Coxas planas ou mal desenvolvidas → indicam fraqueza.
Excesso de volume → pode indicar sobrepeso ou falta de definição.
🔍 3. Joelhos
✅ O que significa:
Devem ter angulação moderada e funcional, permitindo propulsão adequada.
A boa angulação contribui para a fluidez do movimento.
⚠️ Sinais de falha:
Joelhos retos → movimentação rígida, sem impulso.
Joelhos demasiadamente angulados → instabilidade articular.
🔍 4. Jarretes
✅ O que significa:
Devem ser curtos, bem descidos, verticais e paralelos entre si.
São a base do suporte traseiro e da propulsão na movimentação.
Vistos de trás, devem alinhar-se em colunas verticais retas.
⚠️ Sinais de falha:
Jarretes vacilantes (“fracos”), convergentes (“jarretes de vaca”) ou divergentes → desqualificam a estrutura.
Jarretes longos demais → comprometem sustentação.
🔍 5. Pés posteriores
✅ O que significa:
Devem ser redondos, compactos, firmes e levemente mais longos que os anteriores.
Devem apoiar-se de forma correta sobre as almofadas, com unhas curtas.
⚠️ Sinais de falha:
Pés espalmados, abertos ou virados para fora/interno.
Dedos frouxos ou torcidos.
🖼 Na imagem:
Vista posterior (à esquerda):
Demonstra o correto alinhamento vertical entre jarrete e solo, com membros paralelos.
Indica estabilidade e estrutura adequada da garupa.
Vista lateral (à direita):
Evidencia o comprimento e posicionamento da coxa, joelho e jarrete.
Mostra a inclinação da garupa e a base de apoio traseira.
✅ Importância para a análise morfológica:
A traseira do Bulldog Francês deve ser funcional, estável e musculosa, sem exageros.
Uma traseira bem construída contribui para a movimentação típica da raça: curta, potente e com leve convergência posterior.
Qualquer falha estrutural nos posteriores compromete diretamente o equilíbrio, a propulsão e a harmonia geral do cão.
“Jarrete em “foice””
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“Jarretes relativamente curtos, bem descidos e firmes; quando vistos por trás, devem ser paralelos.”
🔍 1. O que é o jarrete em foice?
✅ Definição:
O termo “jarrete em foice” descreve uma curvatura anormal no jarrete que assume a forma de uma lâmina arqueada.
O cão se apoia em um ângulo excessivamente recuado, com o jarrete projetado para trás e sem a firmeza vertical desejada.
⚠️ Por que é um problema?
Compromete a estabilidade e a propulsão correta do posterior.
Afeta diretamente a movimentação — o cão pode ter passo inseguro, tremores ou oscilação da traseira.
É sinal de fraqueza ligamentar ou falha de construção anatômica.
🔍 2. Jarrete correto (segundo o padrão FCI)
✅ Características desejadas:
Curto (sem alavanca excessiva).
Bem descido (próximo ao solo).
Firme (sem flexibilidade exagerada).
Vertical e paralelo ao membro oposto quando visto por trás.
⚠️ Jarretes que não atendem a isso:
Em foice (como na imagem).
Abertos para fora (jarretes de vaca).
Tocando um no outro.
Exageradamente angulados.
🖼 Na imagem:
A ilustração mostra claramente um jarrete com angulação excessiva e arqueamento patológico.
A linha de apoio desvia-se do eixo vertical, fazendo o cão se projetar para trás em vez de sustentar peso de forma firme.
Este tipo de conformação é inaceitável em pista e representa risco biomecânico real.
✅ Importância para a análise morfológica:
O jarrete é a chave da sustentação e propulsão dos membros posteriores.
Um jarrete “em foice” compromete seriamente o movimento, o tipo e a durabilidade do cão.
Criadores devem eliminar esse traço de seus programas de reprodução, e handlers e juízes devem reconhecê-lo como falha grave na análise morfológica.
“Angulação anterior (escápula, braço, metacarpo)”
📌 Trechos oficiais do padrão FCI:
“Ombros curtos, espessos, com musculatura firme, ligeiramente oblíquos.”
“Braços curtos, bem musculados.”
“Antebraços curtos, retos e musculosos.”
“Metacarpos curtos e ligeiramente inclinados quando vistos de perfil.”
🔍 1. Escápula (ângulo de 45°)
✅ O que significa:
A escápula ideal deve estar inclinada em aproximadamente 45 graus em relação à horizontal.
Apesar de curta, deve estar bem aplicada ao corpo e apresentar musculatura firme.
Essa inclinação proporciona boa absorção de impacto e apoio firme da frente, sem alongar demais o anterior — o que seria indesejável na raça.
⚠️ Sinais de falha:
Escápulas muito verticais → frente ereta, movimento truncado.
Escápulas soltas ou proeminentes → falta de apoio torácico.
🔍 2. Articulação escápulo-umeral (ângulo de 90°)
✅ O que significa:
O ângulo entre escápula e braço (úmero) deve ser de cerca de 90 graus.
Essa angulação permite que o cotovelo fique bem posicionado sob o corpo, promovendo firmeza e movimentação funcional.
Fundamental para o alinhamento e a estabilidade da frente.
⚠️ Sinais de falha:
Ângulo mais fechado → cotovelos elevados ou afastados.
Ângulo aberto demais → cotovelos baixos, antebraços deslocados para frente.
🔍 3. Metacarpo (ângulo de 20°)
✅ O que significa:
O metacarpo deve ser curto e levemente inclinado para frente (cerca de 20°).
Essa inclinação permite absorver impacto sem ceder.
A combinação ideal é firmeza com elasticidade — sem rigidez nem colapso.
⚠️ Sinais de falha:
Metacarpo reto demais → movimento duro e sem flexibilidade.
Metacarpo muito inclinado ou mole → colapso da frente.
🖼 Na imagem:
Mostra com precisão a biomecânica desejada:
Escápula a 45° — permite bom encaixe da frente.
Ângulo de 90° no cotovelo — ideal para firmeza e função.
Metacarpo a 20° — absorção correta de impacto e estabilidade.
✅ Importância para a análise morfológica:
A frente do Bulldog Francês não deve ser exageradamente aberta nem fechada — a angulação correta garante o equilíbrio entre forma, função e tipo.
Esses ângulos anatômicos não são “perfeição teórica” — são referências práticas para orientar criadores, handlers e juízes na construção e leitura da estrutura da raça.
Uma frente corretamente angulada reflete-se na movimentação segura, no porte estável e na longevidade estrutural do cão.
“Movimentação”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“Os membros se movimentam paralelamente ao plano médio do corpo, tanto quando vistos de frente quanto de trás. Os movimentos são livres, com boa propulsão dos membros posteriores.”
🔍 1. O que significa “movimentação livre, poderosa e regular”
✅ Definição:
Livre: o cão se move sem restrição, com fluidez e naturalidade.
Poderosa: impulsão traseira eficiente, com força visível, mas sem exageros.
Regular: passada simétrica, com ritmo constante e sem elevações abruptas.
Essa movimentação deve refletir o equilíbrio do conjunto estrutural: corpo compacto, músculos bem distribuídos e aprumos funcionais.
🔍 2. O que significa “paralelamente ao plano médio do corpo”
✅ Definição:
O cão deve mover-se com os membros anteriores e posteriores paralelos entre si, alinhados ao eixo central do corpo.
Quando observado de frente ou de trás, não deve haver cruzamento, afastamento exagerado ou pisada desalinhada.
Essa paralelidade garante estabilidade, equilíbrio e economia de movimento.
⚠️ Falhas comuns:
Membros cruzando (“trançando”).
Jarretes abertos ou convergentes em excesso.
Cotovelos abertos, com pisada em “pato”.
🔍 3. Vista lateral – Alcance e propulsão
✅ O que deve ser observado:
Anteriores com bom alcance à frente, sem elevar demais os pés (evitar “hackney”).
Posteriores com propulsão ativa e firme, impulsionando o corpo com eficiência.
A linha superior (topline) deve permanecer estável, sem oscilação.
⚠️ Falhas comuns:
Passadas curtas ou rígidas.
Elevação exagerada dos anteriores.
Traseira fraca, sem gerar impulso.
🔍 4. Vista traseira – Convergência
✅ O que é desejado:
Durante o movimento, os membros posteriores devem se aproximar levemente um do outro, na direção do centro do corpo.
Isso é o que chamamos de convergência: o cão não pisa com as patas muito afastadas nem cruzadas — elas apenas se aproximam naturalmente, mantendo o equilíbrio e a estabilidade.
📘 O que significa “convergência moderada”:
Em raças compactas como o Bulldog Francês, é normal e até desejável que, ao se mover, as patas traseiras não fiquem muito afastadas nem sigam em linha totalmente paralela.
Elas devem seguir em direção à linha central imaginária do corpo, mas sem se tocar ou se cruzar.⚠️ Falhas comuns:
Posteriores abertos demais (sem convergência): mostram fraqueza estrutural ou falha nos aprumos.
Patas cruzando atrás do corpo (“trançar”): indica desvio grave na movimentação.
Jarretes frouxos ou tortos: prejudicam o equilíbrio e a firmeza dos posteriores.
🔍 5. Vista frontal – Firmeza dos anteriores
✅ O que se busca:
Anteriores movendo-se em linha reta, com firmeza.
Cotovelos próximos ao corpo, sem abertura lateral.
Pés com apoio estável, sem rotação exagerada.
⚠️ Falhas comuns:
Cotovelos soltos ou evertidos.
Pés girando excessivamente (“pato”, “encavalado”).
Oscilação lateral visível ao deslocar-se.
🖼 Na imagem:
Mostra a movimentação correta e desviada, com:
Sequência lateral de trote equilibrado;
Convergência ideal dos posteriores;
Pegadas demonstrando linha reta vs. cruzamento e desvio.
✅ Importância para a análise morfológica:
A movimentação é a expressão prática da estrutura do cão.
Avaliar corretamente o deslocamento permite identificar falhas ocultas na postura estática.
É essencial observar:
O início do passo (impulso),
A transição (alcance),
O fim do passo (apoio e retorno).
O movimento ideal é curto, eficiente, estável e energético, refletindo funcionalidade, tipo e saúde estrutural.
“Cabeça e expressão facial”
📌 Trechos oficiais do padrão FCI:
“A cabeça é grande, larga, quadrada e proporcionada ao corpo.”
“A pele da cabeça forma rugas e dobras quase simétricas.”
“Crânio largo, quase plano, com testa muito arqueada.”
“Stop fortemente acentuado.”
“Focinho muito curto, largo, com dobras simétricas.”
“A relação entre o comprimento do focinho e do crânio é de cerca de 1 para 6.”
🔍 1. Proporções e formato da cabeça
✅ O que significa:
A cabeça deve ser grande, curta e larga, mas harmoniosamente proporcional ao corpo.
Vista de frente, deve ser quadrada e simétrica, com boa largura entre as orelhas e olhos bem posicionados.
Vista de perfil, deve exibir um stop bem definido, com um focinho claramente mais curto que o crânio.
⚠️ Sinais de falha:
Cabeça pequena ou estreita.
Crânio alongado ou com focinho projetado.
Stop mal definido ou testa reta demais.
🔍 2. Crânio e focinho – Relação 1:6
✅ O que significa:
O crânio é largo e ligeiramente convexo, com a testa bem arqueada.
O focinho deve ser muito curto, largo e levemente arrebitado.
A proporção correta entre o focinho e o comprimento total da cabeça é de aproximadamente 1 para 6 — ou seja, o focinho deve ocupar apenas cerca de ⅙ do comprimento total da cabeça.
📘 Interpretação prática:
Em uma cabeça de 12 cm, o focinho ideal mede aproximadamente 2 cm.
Isso garante a tipicidade da raça sem comprometer a respiração ou a função.
🔍 3. Rugas e expressão facial
✅ O que significa:
A pele da cabeça deve formar rugas naturais, moderadas e simétricas.
As rugas devem estar presentes, mas nunca devem cobrir os olhos, trufa ou causar desconforto respiratório.
Devem realçar a expressão típica do Bulldog Francês, que é viva, atenta e inteligente, sem parecer carregada ou triste.
⚠️ Sinais de falha:
Excesso de rugas na testa e ao redor dos olhos → pode comprometer a visão.
Dobra sobre a trufa → prejudica a ventilação nasal.
Expressão carregada, com olhos encobertos e feições tristes.
Ausência total de rugas → descaracteriza o tipo.
🖼 Nas imagens:
📷 Primeira imagem (proporções da cabeça):
Vista frontal:
Cabeça quadrada e larga.
Linha dos olhos alinhada ao centro da caixa craniana.
Proporções bem distribuídas entre altura e largura.
Vista lateral:
Mostra o stop acentuado.
Focinho curto corretamente posicionado abaixo da linha dos olhos.
Confirma visualmente a proporção 1:6 entre crânio e focinho.
📷 Segunda imagem (comparação de rugas):
Coluna esquerda (correto):
Rugas simétricas, sem exagero.
Expressão clara, trufa visível, olhos livres.
Cabeça limpa, firme, bem estruturada.
Coluna direita (incorreto):
Acima: rugas excessivas e profundas, cobrindo estruturas sensíveis.
Abaixo: excesso de pele e dobras em regiões incorretas (pescoço, bochechas), comprometendo a tipicidade e a saúde.
✅ Importância para a análise morfológica:
A cabeça é o ponto de tipo mais marcante do Bulldog Francês.
Avaliá-la exige considerar forma, proporções, expressão, rugas, funcionalidade respiratória e harmonia com o corpo.
Rugas são desejadas, mas jamais devem comprometer a visão, respiração ou bem-estar.
A expressão correta é limpa, viva, alerta e doce — jamais carregada, caída ou distorcida por exageros.
“Orelhas”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“ORELHAS: De tamanho médio, largas na base e arredondadas na ponta. Inseridas no alto da cabeça, mas não muito próximas juntas, portadas eretas. O pavilhão é voltado para frente. A pele deve ser fina e macia ao toque.”
🔍 1. Tamanho, forma e textura
✅ O que significa:
As orelhas devem ser de tamanho médio, nem pequenas, nem desproporcionalmente grandes em relação ao crânio.
A base é larga, garantindo sustentação firme.
A ponta é arredondada, nunca pontiaguda nem achatada.
A pele fina e macia indica qualidade e saúde da cartilagem — orelhas ásperas, espessas ou de textura rugosa são falhas.
⚠️ Sinais de falha:
Orelhas muito pequenas, pontudas ou finas demais.
Textura grossa ou rugosa (pele espessa).
Ponta reta, afilada ou dobrada.
🔍 2. Inserção e posicionamento
✅ O que significa:
As orelhas devem estar inseridas no alto da cabeça, sem se aproximar excessivamente uma da outra.
Devem ser portadas eretas, bem firmes, com o pavilhão voltado para frente, acompanhando a expressão atenta da raça.
⚠️ Sinais de falha:
Inserção muito lateral → orelhas abertas demais.
Inserção muito centralizada → desarmonia no topo da cabeça.
Porte mole ou torto (caindo para os lados).
Pavilhão voltado para os lados ou para trás.
🖼 Na imagem:
Centro inferior (CORRETO):
Orelhas proporcionais, com inserção correta e porte firme.
Boa abertura frontal, distância adequada entre as bases.
Forma arredondada e simétrica.
Laterais e topo (INCORRETOS):
Esquerda superior: orelha caída e mole.
Direita superior: orelhas afastadas e abertas lateralmente.
Inferiores: assimetrias de altura e direção, desvio de padrão.
✅ Importância para a análise morfológica:
As orelhas são parte essencial da identidade visual do Bulldog Francês e contribuem diretamente para sua expressão típica, viva e doce.
Devem harmonizar com a cabeça em forma, porte e proporção.
Falhas nas orelhas, mesmo que sutis, podem comprometer a avaliação do tipo e equilíbrio da cabeça — especialmente em pista.
“Mandíbula”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“Mandíbula larga, poderosa, quadrada. A mandíbula faz uma curva para cima. A mandíbula projeta-se à frente da maxila superior. O arco dos incisivos inferiores é arredondado. O afastamento entre os incisivos das duas arcadas não deve ser exagerado.”
🔍 1. Estrutura e forma da mandíbula
✅ O que significa:
A mandíbula deve ser:
Larga: proporciona suporte e expressão robusta.
Poderosa: com ossatura forte, bem desenvolvida.
Quadrada: bem definida nas laterais e na base do focinho.
Vista lateralmente, ela forma uma curva ascendente, e sua projeção à frente do maxilar superior é uma característica desejada da raça.
🔍 2. Projeção e curvatura
✅ Características ideais:
A projeção da mandíbula é chamada de prognatismo inferior moderado.
A curva deve ser suave e funcional, moldando bem o perfil inferior da cabeça.
O arco dos dentes inferiores deve acompanhar a curva mandibular, sem rigidez ou reentrância.
⚠️ Sinais de falha:
Mandíbula reta ou curta demais: perde-se a tipicidade da raça.
Curvatura acentuada demais ou em ângulo abrupto: distorce o perfil inferior.
Projeção exagerada: desbalanceia a cabeça, mesmo com a boca fechada.
🖼 Na imagem:
Esquerda (CORRETO):
Mandíbula larga e bem modelada.
Curvatura ascendente natural, sem excesso.
Harmoniza com o focinho e com o formato da cabeça.
Direita (INCORRETO):
Mandíbula longa demais e projetada exageradamente.
Linha inferior irregular, formando um “degrau”.
Compromete o equilíbrio facial, mesmo com boa construção craniana.
✅ Importância para a análise morfológica:
A mandíbula correta é uma marca registrada do tipo bulldog, especialmente no Francês.
Ela deve oferecer força e definição ao focinho, sem desequilibrar o conjunto da cabeça.
Ao avaliar, é essencial verificar a forma e curvatura com a boca fechada, buscando harmonia com o perfil e expressão facial.
“Mordedura”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“A mandíbula projeta-se à frente da maxila superior. O arco dos incisivos inferiores é arredondado. Os incisivos da mandíbula não devem, em nenhum caso, estar atrás dos da maxila superior. O afastamento entre os incisivos das duas arcadas não deve ser exagerado.”
🔍 1. O que é aceitável no Bulldog Francês
✅ Mordedura correta: Prognatismo inferior moderado
A arcada inferior é mais avançada que a superior, com os incisivos inferiores à frente dos superiores, mas sem excesso de separação.
O arco dos dentes inferiores deve ser arredondado e completo.
A mordedura ideal é funcional: a boca se fecha normalmente, sem exposição dos dentes com os lábios em repouso.
🖼 Na imagem:
Prognatismo (inferior moderado) – ✅ CORRETO:
Incisivos inferiores à frente dos superiores.
Espaço entre as arcadas discreto e funcional.
Linha mandibular suave e equilibrada.
🔍 2. Tipos incorretos de mordedura
❌ Torquês:
Os incisivos se encontram ponta com ponta.
Indica ausência de prognatismo — descaracteriza o tipo.
Considerada falha grave, pois quebra o padrão da raça.
❌ Tesoura invertida:
A arcada inferior toca a superior por dentro.
Os dentes podem desgastar-se ou gerar má oclusão.
Inaceitável em pista — indica conformação incorreta da mandíbula.
❌ Prognatismo excessivo:
A mandíbula inferior projeta-se demais.
Dentes expostos com a boca fechada, lábios mal posicionados.
Compromete a estética, a função e pode causar problemas de saúde.
✅ Importância para a análise morfológica:
A mordedura correta é parte essencial do tipo bulldog.
Deve ser avaliada com a boca fechada e, se necessário, inspecionada com leve abertura.
Exageros e desvios comprometem a tipicidade, a função e a saúde bucal.
Em pista, cães com mordedura incorreta devem ser penalizados conforme o grau da falha.
“Narinas”
📌 Trecho oficial do padrão FCI (região do focinho):
“A trufa é curta, larga; narinas bem abertas, simétricas, inclinadas para trás. O seu eixo inclinado para cima não deve ultrapassar a inclinação da fronte.”
🔍 1. Forma e posição da trufa
✅ O que significa:
A trufa (nariz) deve ser larga e curta, acompanhando o focinho braquicefálico da raça.
O eixo da trufa (a direção da abertura nasal) deve ser ligeiramente inclinado para cima, mas sem invadir a linha da testa — respeitando a proporção do stop.
🔍 2. Narinas corretas: abertas e simétricas
✅ O que se busca:
As narinas devem ser:
Bem abertas, permitindo ventilação ampla.
Simétricas, de forma espelhada.
Voltadas levemente para trás, acompanhando o eixo nasal.
Essa conformação é essencial para garantir respiração funcional e evitar sinais de obstrução crônica, muito comuns em cães braquicefálicos mal selecionados.
🖼 Na imagem:
Esquerda (CORRETO):
Narinas amplas, bem delineadas, visivelmente abertas.
Forma arredondada e espaçamento proporcional.
Indica boa passagem de ar e conformação saudável.
Direita (INCORRETO):
Narinas estreitas, comprimidas e mal abertas.
Forma mais fechada e verticalizada — compromete a respiração.
Indício de síndrome obstrutiva braquicefálica.
⚠️ Sinais de falha funcional:
Narinas colapsadas, fechadas ou que mal se abrem.
Respiração ruidosa, mesmo em repouso.
Intolerância ao calor e ao exercício leve.
Nariz encoberto por rugas ou muito acima da linha do focinho.
✅ Importância para a análise morfológica:
A abertura nasal é ponto obrigatório de atenção em exposições e criação responsável.
A funcionalidade respiratória depende da conformação correta da trufa, não apenas da estética.
Cães com narinas comprometidas devem ser penalizados, mesmo que apresentem boa tipicidade facial — pois saúde e bem-estar são prioritários.
Pescoço
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“O pescoço é curto, ligeiramente arqueado, sem barbelas.”
🔍 1. Comprimento e forma
✅ O que significa:
O pescoço do Bulldog Francês deve ser curto, mas visivelmente presente e bem estruturado.
Ele deve apresentar uma ligeira curvatura (arqueado), formando uma transição elegante entre a cabeça e os ombros.
A ausência de barbelas (pregas soltas ou excesso de pele sob a garganta) é obrigatória — o pescoço deve ser limpo e firme.
🔍 2. Inserção e equilíbrio com o corpo
✅ O que se busca:
Inserção alta o suficiente para permitir um porte orgulhoso da cabeça, sem parecer “enfiado” nos ombros.
Deve conectar-se de maneira fluida à cernelha, mantendo o pescoço visualmente definido, mesmo com a estrutura compacta da raça.
Essa estrutura favorece uma postura equilibrada, essencial tanto em movimentação quanto na apresentação estática.
⚠️ Sinais de falha:
Pescoço curto demais e mal inserido → visual truncado, compromete alcance de movimento.
Pescoço grosso ou com dobras excessivas → desvia do padrão e pode prejudicar a respiração.
Pescoço alongado e fino → falta de tipo, descaracteriza o bulldog.
🖼 Na imagem:
Esquerda (CORRETO):
Pescoço curto e arqueado.
Inserção correta na cernelha.
Boa sustentação da cabeça, expressão equilibrada.
Direita (INCORRETO):
Pescoço encurtado visualmente pela má inserção.
Aparência de cabeça “fundida” ao corpo.
Perda de elegância e comprometimento do porte.
✅ Importância para a análise morfológica:
O pescoço atua como ponte entre cabeça e tronco, influenciando diretamente:
O porte da cabeça (expressão),
O alcance dos anteriores (movimentação),
A fluidez da silhueta (harmonia geral).
Um pescoço correto valoriza a apresentação do cão e contribui para sua funcionalidade e tipo.
Deve ser observado tanto em repouso quanto em movimento, pois alterações de postura podem esconder falhas ou valorizar qualidades.
“Dorso e linha superior (Top Line)”
📌 Trecho oficial do padrão FCI:
“Linha superior ascendente reta até o nível do lombo, que é bem curto e largo. Em seguida, desce harmonicamente até a cauda. Esta conformação – também chamada de ‘carpa’ – é uma característica típica da raça.”
🔍 1. O que é a “linha superior carpeada”
✅ Definição:
A linha superior ideal do Bulldog Francês tem formato arqueado:
Sobe levemente do final da cernelha até o lombo,
Depois desce suavemente em direção à inserção da cauda.
Esse formato é conhecido como linha carpeada (ou “linha em carpa”) e é característica distintiva da raça.
🔍 2. Anatomia envolvida
A conformação correta depende de uma boa construção de:
Cernelha curta e bem marcada,
Costelas bem arqueadas,
Lombo curto e forte,
Inserção correta da cauda.
Essa estrutura assegura um equilíbrio compacto entre frente e traseira e favorece a movimentação firme, com a típica “plataforma curta e poderosa”.
🖼 Na imagem:
Centro superior (CORRETO):
Linha superior sobe até o lombo e desce suavemente até a base da cauda.
Forma arqueada natural, sem exageros.
Representa exatamente a conformação desejada no padrão FCI.
Demais variações (INCORRETAS):
Cima esquerda: linha côncava — dorso selado (fraco).
Cima direita: dorso plano — ausência da “carpa”.
Baixo esquerda: dorso retilíneo e cauda alta — perde tipicidade.
Baixo centro: linha quebrada — lombar “quebrada” ou forçada.
Baixo direita: “carpa” exagerada — elevação excessiva do lombo, desequilíbrio.
⚠️ Falhas comuns:
Dorso selado (linha em “U”): indica fraqueza de estrutura.
Dorso reto demais: descaracteriza o tipo da raça.
Arco excessivo: pode sinalizar problemas lombares ou exagero na angulação.
Linha irregular ou quebrada: consequência de má construção entre cernelha e lombo.
✅ Importância para a análise morfológica:
A linha superior define o perfil lateral da raça e está diretamente relacionada:
À compacidade,
Ao equilíbrio de movimentação,
À identidade visual do Bulldog Francês.
Um dorso carpeado corretamente construído transmite:
Força,
Estabilidade,
E a tipicidade única da raça.
“Garupa, cauda e silhueta”
📌 Trechos oficiais do padrão FCI:
“Garupa oblíqua.”
“Cauda curta, de inserção baixa sobre a garupa, junto à nádega, grossa na base e afilando-se na ponta. Comprimento suficiente para cobrir o ânus, preferivelmente reta, pode apresentar um ligeiro desvio, mas não deve ser enrolada nem elevada acima da horizontal. Mesmo em ação, deve permanecer abaixo da linha do dorso.”
🔍 1. Garupa oblíqua
✅ O que significa:
A garupa ideal no Bulldog Francês é ligeiramente inclinada para baixo, a partir do lombo até a base da cauda.
Essa inclinação, chamada obliquidade da garupa, permite uma transição suave e harmoniosa do perfil.
Garante também a inserção correta da cauda, fundamental para o tipo.
⚠️ Sinais de falha:
Garupa reta ou alta: eleva a cauda e quebra a linha da silhueta.
Garupa muito caída: pode dar impressão de fragilidade ou falta de impulso.
🔍 2. Cauda – Forma e posicionamento
✅ O que se busca:
A cauda deve ser:
Curta por natureza, e não cortada.
Inserida baixa, alinhada à curva da garupa.
Grossa na base e afinando na ponta.
Preferencialmente reta, mas pode haver um ligeiro desvio.
Sempre portada abaixo da linha do dorso, mesmo em movimento.
Deve ser visível, com comprimento suficiente para cobrir o ânus — importante para a tipicidade e para evitar penalizações.
⚠️ Sinais de falha:
Cauda enrolada sobre o dorso → desvio de tipo grave.
Inserção alta → distorce a linha da garupa.
Cauda muito curta ou ausente (anquilia) → pode ser considerada falta desqualificante dependendo da severidade.
Cauda em “rolha” com mobilidade limitada ou aspecto anatômico anormal.
🔍 3. Silhueta típica da raça
✅ Características ideais:
A silhueta do Bulldog Francês deve ser:
Compacta, forte e proporcional.
Com transição suave desde a nuca até a base da cauda.
A linha do dorso forma uma carpa leve, seguida por garupa oblíqua e cauda discreta, mas presente.
A correta leitura da silhueta revela:
Um cão funcional,
Bem construído,
E tipicamente francês.
🖼 Na imagem:
A silhueta apresenta:
Perfil definido e proporcional.
Garupa com leve inclinação, correta.
Cauda curta e bem posicionada, reforçando o equilíbrio da parte traseira.
Representação fiel da estrutura compacta e robusta da raça.
✅ Importância para a análise morfológica:
A silhueta é o resumo visual do padrão da raça.
Garupa e cauda corretamente construídas:
Garantem movimentação eficiente,
Estabilidade na postura,
E contribuem para a estética do conjunto.
A cauda, em especial, é detalhe de julgamento essencial, pois seu formato e inserção revelam a qualidade estrutural da parte posterior.
“Faltas (penalizáveis, mas não eliminatórias)”
Essas são imperfeições que representam desvios leves em relação ao padrão oficial, mas que não comprometem diretamente a tipicidade, a funcionalidade ou o bem-estar do cão. Devem ser observadas com atenção e penalizadas na medida de sua gravidade, considerando sempre o equilíbrio geral do exemplar.
📌 Princípio geral segundo o padrão FCI:
“Qualquer desvio dos critérios do padrão deve ser considerado como falta e penalizado na exata proporção de sua gravidade.”
🔍 Exemplos comuns de faltas penalizáveis:
1. Proporções levemente desequilibradas
Corpo ligeiramente mais longo ou mais alto do que o ideal.
Pode comprometer a silhueta compacta, mas ainda dentro da margem aceitável.
🔄 Avaliar se a movimentação e harmonia geral permanecem preservadas.
2. Rugas assimétricas ou em número excessivo, mas sem prejuízo funcional
Presença de dobras desiguais na testa ou ao redor do focinho.
Desde que não obstruam os olhos ou a trufa, são penalizáveis, mas não graves.
3. Expressão facial pouco viva ou desarmônica
Pode ocorrer por inserção incorreta de orelhas, olhos com pouca abertura ou leve desalinhamento.
Avalia-se se a expressão geral do cão ainda transmite o caráter típico da raça.
4. Tecido muscular pouco desenvolvido
Exemplar com boa estrutura, mas com musculatura subdesenvolvida (por idade ou falta de condicionamento).
Penalizável, porém reversível com maturidade ou melhor preparação.
5. Anteriores levemente abertos ou cotovelos discretamente afastados
Não são graves quando o conjunto permanece funcional.
Devem ser observados em movimento e postura estática para confirmar impacto real.
6. Orelhas levemente mal inseridas ou portadas com inclinação sutil
Desde que mantenham o formato correto (morcego), a leve má inserção pode ser tolerada com penalização leve.
7. Pisada frouxa ou leve instabilidade em superfície irregular
Não indica falha estrutural grave, mas mostra fragilidade funcional que deve ser observada com atenção.
A firmeza dos pés e metacarpos deve ser verificada com o cão parado e em movimento.
8. Dente incisivo faltando (exceto caninos ou múltiplos dentes)
A ausência de um dente incisivo, quando isolada, não desqualifica, mas é uma falta leve a ser considerada na análise do conjunto.
🟡 Como interpretar essas faltas em uma análise técnica:
Avaliar o impacto funcional e visual de cada desvio.
Considerar a idade, maturação e preparo físico do cão.
Observar se a falta compromete a harmonia geral do exemplar.
Lembrar que um cão com uma falta leve, mas excelente equilíbrio geral e tipicidade, pode ser considerado superior a um exemplar tecnicamente “correto”, mas sem expressão ou função marcantes.
Faltas penalizáveis não impedem a participação nem o reconhecimento técnico do cão, mas devem ser registradas e ponderadas com critério. São úteis para orientar o criador em futuras seleções e manter a integridade da raça sem exageros ou negligência.
“Faltas Graves (impactam tipo ou função)”
Essas são falhas estruturais ou morfológicas que afetam diretamente a tipicidade, o equilíbrio funcional ou a expressão correta da raça. Embora ainda não configurem desqualificações formais, sua presença deve influenciar fortemente a análise técnica, especialmente quando comparadas a exemplares corretos.
📌 Exemplos de faltas graves segundo o padrão FCI e sua interpretação prática:
🔸 1. Focinho pontudo
Um dos desvios mais graves em uma raça braquicefálica.
Perde completamente o formato típico do focinho curto, largo e quadrado.
Pode estar associado a maxilar estreito, ausência de tipo e expressão incorreta.
🔸 2. Língua constantemente visível com a boca fechada
Indica mordedura incorreta, desequilíbrio mandibular ou inabilidade para fechar corretamente os lábios.
Está fortemente associada a problemas funcionais ou exageros anatômicos.
🔸 3. Linha superior reta
Desvio direto do perfil em carpa (carpeado) exigido pelo padrão.
Indica construção incorreta de lombo, garupa e inserção da cauda.
Perde-se a silhueta típica da raça.
🔸 4. Cauda reta e longa (não cortada)
O padrão exige cauda curta por natureza, não cortada, grossa na base e afinando na ponta.
Uma cauda reta, longa e rígida, ainda que natural, descaracteriza fortemente o tipo.
Se for também portada acima da linha do dorso, o desvio se agrava.
🔸 5. Lábios que não cobrem os dentes com a boca fechada
Compromete a expressão correta, além de indicar problemas de prognatismo exagerado ou falha de encaixe labial.
Pode vir acompanhado de exposição dental visível e desequilíbrio da região facial.
🔸 6. Olhos esbugalhados ou muito salientes
Frequentemente consequência de muzzle (focinho) extremamente curto.
Aumenta risco de lesão ocular e indica exagero estrutural incompatível com o padrão.
🔸 7. Movimentação arrastada e sem impulsão
Decorrente de angulações ruins, dorso mal construído ou posterior sem potência.
Afeta a funcionalidade básica do cão, que deve ter movimento livre e ativo.
🔸 8. Rugamento excessivo com obstrução funcional
Rugas que encobrem olhos ou trufa são sinal de exagero estético nocivo.
Comprometem visão, respiração e aumentam risco de dermatites.
🟠 Importância prática da identificação dessas faltas:
Um exemplar com qualquer dessas características deve ser penalizado com severidade proporcional ao impacto da falha.
Nenhuma falha grave pode ser compensada apenas por beleza ou presença de pista.
Criadores devem eliminar essas características de seus programas reprodutivos.
Faltas graves afetam diretamente a saúde, funcionalidade ou tipicidade do Bulldog Francês. São imperdoáveis em animais reprodutores e não devem ser ignoradas na análise morfológica comparativa.
Faltas Desqualificantes (exclusão da análise)
Estas são características inaceitáveis que indicam incompatibilidade absoluta com o padrão da raça, seja por motivos morfológicos, funcionais, genéticos ou de comportamento.
Um exemplar com uma dessas condições não pode ser considerado dentro do padrão e deve ser excluído da avaliação técnica, sem possibilidade de premiação ou progressão em qualquer sistema de seleção morfológica.
📌 Desqualificações segundo o padrão FCI – Bulldog Francês
🔴 1. Tipo atípico
“Tipo sem semelhança com a raça.”
Cão que não expressa a identidade visual e funcional de um Bulldog Francês.
Pode incluir mistura evidente, falta de proporções, expressão incorreta, cabeça ou corpo fora do tipo molossóide.
🔴 2. Focinho excessivamente longo ou curto
Focinho longo → descaracteriza o braquicefálico.
Focinho quase inexistente → indica exagero prejudicial à saúde (respiração, dentes, visão).
🔴 3. Narinas completamente fechadas
Prejudica severamente a respiração.
Indício de síndrome obstrutiva grave, incompatível com bem-estar.
Cães com esse traço não devem ser utilizados na reprodução.
🔴 4. Mandíbula desviada ou assimétrica
“Mandíbula torta.”
Qualquer forma de prognatismo desalinhado (mandíbula torta para um dos lados) ou encavalamento funcional dos maxilares.
🔴 5. Língua permanentemente exposta com a boca fechada
Falha funcional severa.
Indica deformidade mandibular ou ausência de encaixe labial.
🔴 6. Ausência total de cauda ou cauda cortada
A cauda deve ser curta por natureza, visível e palpável.
Ausência de vértebras, cauda embutida ou anquilosa são incompatíveis com o padrão e considerados motivo para exclusão.
Cauda cortada desqualifica automaticamente.
🔴 7. Comportamento
“Cão agressivo ou extremamente medroso.”
O padrão exige temperamento equilibrado: vivo, sociável, afetuoso.
Cães agressivos ou com medo incontrolável devem ser excluídos da pista e da reprodução.
🔴 8. Falhas genéticas e de saúde (quando diagnosticadas)
Albinismo.
Surdez bilateral comprovada.
Criptorquidismo ou monorquidismo (ausência de um ou dois testículos).
🔴 9. Cores não permitidas
O padrão FCI é claro e restritivo quanto às cores:
❌ Desqualificam imediatamente:
Preto sólido (com ou sem branco).
Azul, lilac, isabella, chocolate.
Merle, “fluffy” (pelagem longa).
Qualquer tonalidade fora das cores oficiais reconhecidas: fulvo e tigrado, com ou sem branco.
⚠️ Nota adicional sobre cor e integridade reprodutiva:
Cães com coloração não reconhecida não podem ser registrados oficialmente como Bulldogs Franceses pela CBKC/FCI.
Mesmo exemplares com boa estrutura, mas com cor desqualificante, devem ser completamente excluídos de programas sérios de criação.
As desqualificações existem para preservar a identidade, a saúde e o futuro da raça. Reconhecê-las e aplicá-las com firmeza é papel de todos os envolvidos com o Bulldog Francês — especialmente analistas morfológicos e criadores éticos.
O que é o BSI?
O Breed Specific Instructions (BSI) é um guia criado pelas entidades nórdicas de cinofilia (NKU), com base em dados veterinários, estatísticas, relatórios de juízes e clubes de raça. Ele complementa o padrão oficial, identificando áreas de risco associadas a exageros estruturais, principalmente em raças com traços morfológicos extremos — como o Bulldog Francês.
⚠️ Importante: o BSI não altera o padrão FCI, mas orienta juízes e criadores sobre os pontos onde exageros podem comprometer a saúde e funcionalidade dos cães, devendo influenciar a avaliação nas pistas e decisões de criação.
🇫🇷 BSI – Bulldog Francês (Bouledogue Français)
📚 Grupo 9 – Companion and Toy Dogs
📌 Classificado como: braquicefálico e molossóide de pequeno porte
🎯 Áreas de risco segundo o BSI:
Problemas respiratórios
Respiração forçada e ruídos (roncos) excessivos.
Causados por: focinho muito curto, narinas pinçadas, canais respiratórios e caixa torácica estreitos.
O juiz deve observar a respiração durante e após o movimento.
Face e olhos
Muzzle excessivamente curto + olhos proeminentes.
Aumenta risco de lesões oculares e falta de proteção natural.
Rugas excessivas também são associadas a inflamações oculares.
Proporções e construção
Pescoço e dorso excessivamente curtos.
Angulações fracas nos membros anteriores e posteriores → resultam em movimentação arrastada e sem impulso.
Cães devem manter movimento livre, ativo e com boa propulsão.
Cauda subdesenvolvida
Ausência de vértebras táteis ou visíveis é falta desqualificante.
A cauda, ainda que curta, deve existir e estar presente, mesmo que colada ao corpo.
✅ O que o juiz deve buscar:
Respiração livre e silenciosa (mesmo em ação).
Narinas abertas e ponte nasal presente.
Olhos bem protegidos, sem irritações visíveis.
Cauda visível e tocável, ainda que curta.
Silhueta proporcional com pescoço e dorso funcionais.
Movimento eficiente, sem arrastar os pés ou os posteriores.
Evitar premiar cães com exageros, mesmo que impressionantes visualmente.
📝 Trecho-chave do BSI para o Bouledogue Français:
“O padrão da raça descreve um cão ‘ativo’, que é ‘forte para seu pequeno porte, curto, compacto em todas as suas proporções’, mas o Bulldog Francês não deve ser excessivamente curto no pescoço e no dorso.
A movimentação deve ser livre e ativa.”
📌 Conclusão prática:
O BSI reforça que tipicidade sem funcionalidade é um erro grave. O Bulldog Francês deve manter suas características únicas, mas com estrutura e saúde preservadas. O uso do BSI por juízes e criadores é uma ferramenta valiosa para:
Evitar distorções de tipo.
Preservar a longevidade e bem-estar da raça.
Guiar decisões de acasalamento e seleção.